Entrevista - Uganga
- Grata surpresa conhecer a UGANGA, através da sua atual gravadora no Brasil. Como tem sido essa parceria?
Manu Joker: Cara, nós estamos no cast da MS a muito pouco tempo mas tem sido uma parceria bem interessante e produtiva, em especial nesse momento de renascimento do Uganga com nova formação e novo álbum. Temos conversado bastante e grandes novidades estão por vir.
- Acredito que ela preveja também, o lançamento de um novo álbum. Isso já foi conversado?
Manu Joker: Sim, o ciclo de “Ganeshu” vai até o meio de 2026 e depois disso com certeza teremos um novo álbum. “Ganeshu” sai em formato físico somente agora no início de 2026 e temos um tanto bom de datas dessa tour ainda pra cumprir. Todos já estão reunindo ideias e acredito que por volta de fevereiro a gente comece a pré produção do novo play.
- Recebemos a versão digital de “Ganeshu”, e o material ficou ótimo. Qual a importância das mídias físicas para os membros da banda?
Manu Joker: Essencial. Eu sou da velha escola e consumo muito material físico, seja CD ou vinil, gosto de arte gráfica, encarte, ficha técnica e tudo isso (risos). Por outro lado entendo que muitas pessoas já não tem nais essa conexão e aceito de boa, cada um cada um. Felizmente no nosso meio as vendas nos shows são consideráveis, os fãs ainda valorizam esse tipo de coisa e entendem a importância do merch para uma banda se manter ativa. Os problemas que o Uganga enfrentou nos tempos recentes atrasaram em muito o lançamento desse material físico e isso me deixou puto cara! Antes tarde do que nunca.
- “Ganeshu” é um material direto, mas acredito que ele se enquadre mais dentro do Crossover. Vocês também entendem desta forma?
Manu Joker: Sim, o nosso tipo de Crossover. Tem thrash e hardcore com toda certeza, muito! Mas também tem dub, rap, música mineira e elementos do metal mais extremo.
- A língua portuguesa foi utilizada nas letras do disco. Por qual razão escolheram por esta opção? Vocês não acham que isso será um problema para ser aceito no exterior?
Manu Joker: Eu penso que no meio da música pesada a verdade ainda tem seu valor, algo que em muitos outros seguimentos não é mais necessário. A nossa verdade tem suas bases no português, a língua falada nas ruas onde crescemos. Ao meu ver é um clichê essa ditadura de se cantar em inglês para ser aceito lá fora. É claro que a abrangência da língua inglesa é maior, e sabemos disso, mas acho que muita gente se perdeu no caminho perseguindo isso. Todo mundo cantar em inglês é a saída? Penso que não. Eu sinceramente não vou deixar de curtir uma banda polonesa por não cantar em português. Se o som for foda vou me informar mais, saber sobre o que escrevem, e se me identificar, vou apoiar. Já tocamos em vários países com idiomas diferentes e a recepção sempre foi muito boa. Vez ou outra fazemos algo em inglês ou castelhano mas são coisas pontuais.
- A produção do álbum ficou com a própria banda? Porque não optaram por contratar um produtor de fora?
Manu Joker: Na verdade eu co produzo o álbum com o nosso amigo Gustavo Vazquez do Rocklab. Ele já fez trabalhos importantes com Macaco Bong, Molho Negro, Violins, Krow entre outros nomes, entende e aprecia nossa sonoridade e é uma pessoa agradável de se trabalhar junto. Já fizemos 3 álbuns e um DVD com o Gustavo e creio que o próximo também terá essa parceria.
- “Tem Fogo!” foi a faixa que mais gostei no trabalho de vocês. O que vocês podem falar sobre ela?
Manu Joker: “Tem Fogo!” veio de uma demo de bateria que o Juninho (Silva - baterista do Uganga) me trouxe. Ele é um músico incrível e criou toda a parte rítmica na batera, a parada chegou pronta. Trabalhamos em cima desse material ajustando alguma coisa, acrescentando as cordas, os vocais e com isso a lírica do som. É uma faixa poderosa que tem obtido uma resposta brutal nos shows e a letra trata dos incêndios criminosos que assolaram o Brasil no ano de 2024.
- ”Confesso” é outro ponto alto com influências diversas. Como se deu o processo de composição desta faixa?
Manu Joker: Essa eu comecei a trabalhar com o Jean (Pagani - guitarrista que gravou o álbum) na minha casa. A ideia era algo mais direto, uma música energética, curta, bem papo reto mesmo. Bandas como Suicidal Tendencies, Biohazard, Helmet e Discharge são grandes influências pro Uganga e creio que essa faixa mostre isso. A letra fala da necessidade nos dias atuais de se ter respostas para tudo, mesmo que respostas miseravelmente vazias. Essa praga coach parece que está infectando todos os seguimentos da sociedade e eu tenho nojo disso.
- Já a letra de “A Profecia”, foi a que mais me prendeu. Por causa dela, escutei essa faixa por diversas vezes pra pescar referências. Qual a importância que vocês enxergam em temas políticos inseridos em obras musicais atualmente?
Manu Joker: “A Profecia” foi a primeira música composta pro álbum e sua letra trata da nossa viagem pra Amazônia Paraense em 2023. Essa viagem foi crucial pro renascimento do Uganga, marca um recomeço pra banda, um novo momento e por isso abre não só o álbum como as apresentações dessa tour. Com certeza a letra traz várias referências a esses dias incríveis por lá e também uma homenagem a entidade Omulu, o senhor da morte e da cura. Quanto a sua pergunta eu acho que temas políticos vão muito além de apoiar determinado seguimento, isso é raso demais. Nesse quesito inclusive creio que o posicionamento do Uganga sempre foi muito claro, mas nossas letras vão também para vários outros lugares e tuda manifestação pode ser vista como um ato político. Inclusive a opção por não falar de política (risos). Ser livre pra questionar, refletir, concluir e se expressar sobre o que está à sua volta, pra mim essa é a essência.
- Parabéns pelo trabalho, esperamos vê-los em muito breve…
Manu Joker: Esperamos mesmo cara, se cuida e até breve!


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