Entrevista: Psychotic Apes

 

- Grata surpresa conhecer a PSYCHOTIC APES, através da sua atual gravadora no Brasil. Como tem sido essa parceria?

R – Tem sido ótimo trabalhar com a MS. São todos muito profissionais e vêm desenvolvendo um excelente trabalho com a banda.

- Acredito que ela preveja também, o lançamento de um novo álbum. Isso já foi conversado?

R – No momento, estamos focados em divulgar o álbum e fazer o “Marakatus” chegar o mais longe possível. Queremos tocar em outras cidades, participar de festivais e trabalhar em toda divulgação possível. Depois, sim, chegará a hora de trabalhar no próximo registro.

- Recebemos a versão física de “Marakatus”, e o material ficou ótimo. Qual a importância das mídias físicas para os membros da banda?

R – Todos nós crescemos numa época em que as mídias físicas ainda eram relevantes e o CD estava no seu auge. Creio que para quem viveu esses tempos, a experiência de abrir um disco, folhear o encarte, pôr no aparelho pra tocar, acompanhar as letras, é algo completo. Ouvir música no stream deixa a sensação que está faltando algo.

- “Marakatus” é um material direto, mas acredito que ele se enquadre mais dentro do Metal e do Alternativo. Vocês também entendem desta forma?

R – Sim, totalmente, é como gosto de classificar nossa música. Nesse rótulo, por ser muito elástico, dá pra incluir toda a gama de influências que agregamos, desde o hard rock, grunge, até os elementos de música regional.

- A língua inglesa foi utilizada nas letras do material. Por qual razão escolheram por esta opção? Vocês não acham que isso será um problema para ser aceito no Brasil?

R – Pensamos que em inglês poderíamos atingir um público mais amplo, internacionalmente falando. Não é tão incomum assim nesse nicho, a exemplo de outras bandas brasileiras que também optaram por esse caminho, como Sepultura, Viper, Angra, Dr. Sin, e tantas outras.

- A produção do álbum ficou com a própria banda? Porque não optaram por contratar um produtor de fora?

R – Assim como os dois álbuns anteriores, “Marakatus” também foi produzido pela banda, mas dessa vez tivemos Paulo Medeiros como co-produtor, além de ter sido o técnico de gravação da bateria e ter assinado a mixagem e masterização do álbum. Ficamos extremamente satisfeitos com o resultado.

- “Boomers” foi a faixa que mais gostei no trabalho de vocês. O que vocês podem falar sobre ela?

R – Boomers é um manifesto contra uma geração (num sentido ideológico e não cronológico) que, pela postura reacionária e ultraconservadora, impede o progresso da humanidade, produzindo líderes negacionistas, antivacinas, autocráticos, racistas e neofacistas.

Em 2019, uma parlamentar de 25 anos, da Nova Zelândia, fazia um discurso, apoiando um projeto de lei sobre mudanças climáticas, quando foi  interrompida por um parlamentar mais velho, a quem ela simplesmente disse “OK Boomer” e continuou com o discurso. Desde então, esse termo tem sido usado como uma réplica para a negação da mudança climática, marginalização de membros de grupos minoritários ou oposição aos ideais progressistas.

- ”Dying Soul” é outro ponto alto com influências diversas. Como se deu o processo de composição desta faixa?

R – Em Dying Soul, eu estava brincando com a guitarra, quando o riff principal surgiu. Daí eu desenvolvi, compus mais outros riffs, as harmonias, criei o esqueleto da música e enviei para meu velho parceiro, o vocalista Carlos Sun, que criou uma melodia para o vocal. Sobre essa melodia eu compus a letra, que nesse caso é bastante intimista e sombria. O legal é que conseguimos gravas os vocais de Carlos, que cantou junto com Pablo nessa faixa.

- Já a letra de “In the Line of Fire”, foi a que mais me prendeu. Por causa dela, escutei essa faixa por diversas vezes pra pescar referências. Qual a importância que vocês enxergam em temas reflexivos inseridos em obras musicais atualmente?

R – A letra de “In the Line of Fire” foi inspirada num filme chamado “Beast of no Nation”, com o Idris Elba. Trata sobre grupos de mercenários no centro da África, que invadem pequenas aldeias, matam os adultos e capturam as crianças para serem treinadas e incorporadas ao bando. Nesse processo, as crianças sofrem todo o tipo de abuso. É uma realidade brutal que, infelizmente, ainda ocorre nos nossos dias. Assim como em “Boomers”, acho importante abordar temas como esses para gerar reflexão nas pessoas.

- Parabéns pelo trabalho, esperamos vê-los em muito breve...

R – Nós é que agradecemos. Forte abraço a todos!

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