Entrevista: Persevera
Grata surpresa conhecer a PERSEVERA, através da sua atual gravadora no Brasil. Como tem sido essa parceria?
A parceria com a MS Metal Agency Brasil tem sido fundamental e muito produtiva. Entramos em contato com eles quando estávamos finalizando a gravação do Genesis e buscávamos um parceiro para o lançamento em formato físico no Brasil. Eles nos apresentaram uma proposta justa e transparente, muito alinhada com nossos objetivos. Graças a essa parceria, o CD físico ganhou uma distribuição excelente no underground brasileiro, e o apoio deles na divulgação e no contato com a imprensa tem feito uma grande diferença para uma banda que, até então, era totalmente independente. É uma relação de respeito mútuo que só nos fortalece.
Acredito que ela preveja também, o lançamento de um novo álbum. Isso já foi conversado?
Sim, já está tudo conversado e alinhado. O segundo álbum full-length (12 faixas) será lançado fisicamente também pela MS Metal Agency em 2026. Estamos repetindo a mesma estratégia de sucesso: vamos soltando single por single (já saíram “Broken World” e “To the Unknown” com clipes) até fechar o disco, depois sai o CD completo. Então pode ficar tranquilo que vem mais Persevera em formato físico aí sim!
Recebemos a versão física de “Genesis”, e o material ficou ótimo. Qual a importância das mídias físicas para os membros da banda?
Para nós o CD ainda é sagrado. Eu e os caras crescemos comprando, trocando e colecionando discos, então sabemos o valor que isso tem pro fã de metal de verdade. Ver o encarte, ler as letras, sentir o peso do livreto na mão, colocar no som do carro ou no aparelho de casa… é outra experiência. Mesmo com o streaming dominando tudo, recebemos mensagens quase diárias de gente mostrando foto do CD de Genesis na coleção deles. Isso não tem preço. Enquanto tiver demanda, vamos continuar lançando físico
“Genesis” é um material direto, mas acredito que ele se enquadre mais dentro do Crossover. Vocês também entendem desta forma?
Entendo o que você quer dizer com “direto”, mas crossover talvez não seja o termo que a gente usa. Nosso som é essencialmente Heavy Metal com raízes bem fincadas nos anos 80/90 e NWOBHM, mas com pegada mais pesada em alguns momentos (tem riffs com influência de thrash, uns vocais mais agressivos, etc.). Alguns jornalistas já falaram em “crossover entre Power e Thrash” ou “Heavy com pitadas modernas”, mas no fundo somos uma banda de Heavy Metal sem medo de puxar um riff thrash ou um refrão épico quando a música pede.
A língua inglesa foi utilizada nas letras dos Singles. Por qual razão escolheram por esta opção? Vocês não acham que isso será um problema para ser aceito no Brasil?
A escolha pelo Inglês foi totalmente intencional e estratégica. Pensamos a Persevera como uma banda com alcance internacional desde o primeiro riff. O metal é um gênero universal, e o inglês é o idioma que nos permite dialogar com mais culturas e públicos em qualquer lugar do mundo. Sobre a aceitação no Brasil: não, não achamos que será um problema. A maioria dos fãs de metal brasileiros cresceu ouvindo bandas como Iron Maiden e Metallica, então o inglês é um idioma familiar dentro da cena. Além disso, a comunidade underground brasileira é muito conectada com a cena global, e o idioma acaba facilitando a descoberta da banda por playlists e fóruns estrangeiros.
A produção dos Singles ficou com a própria banda? Porque não optaram por contratar um produtor de fora?
Optamos por nos auto-produzir e gravar tudo no estúdio do nosso baterista, Claudio Lima. Isso nos deu total liberdade criativa e flexibilidade de tempo para explorar cada detalhe da nossa sonoridade, sem a pressão ou a pressa de um estúdio alugado ou de um produtor externo. O Claudio é um excelente engenheiro de som, e ele conduziu todo o processo de gravação, mixagem e masterização. Esse caminho foi crucial para alcançarmos uma sonoridade coesa, limpa e que reflete exatamente a identidade que queríamos para a Persevera. Não sentimos a necessidade de um produtor de fora porque já tínhamos a expertise e a sinergia dentro de casa.
“A Waste of Time” foi a faixa que mais gostei no trabalho de vocês. O que vocês podem falar sobre ela?
Essa faixa nasceu de um riff bem pesado e com uma pegada meio thrash que eu tinha guardado no meu loop station há anos. A música carrega muita energia, mas a letra veio depois, quase como um desabafo pessoal sobre autossabotagem, sobre como às vezes nos perdemos em ciclos repetitivos e em coisas que são “A Waste of Time” (um desperdício de tempo). O que eu mais gosto nela é justamente o contraste: uma letra mais reflexiva e introspectiva contra uma base musical muito agressiva e direta. É uma das que a gente tem mais ansiedade para levar para o palco.
”King of Kings” é outro ponto alto com influências diversas. Como se deu o processo de composição desta faixa?
“King of Kings” é uma das faixas que carregam mais abertamente influências de Power Metal e um lado mais épico do Heavy Metal. A composição, assim como a maioria das do Genesis, partiu de um riff que eu já tinha. Nesta faixa em particular, a ideia era criar uma dinâmica que construísse a tensão e depois explodisse, com um refrão marcante. A letra, inspirada em questionamentos existenciais e espirituais, remete a temas de liderança e poder. O processo de arranjo com o Claudio (bateria) e o Thadeu (baixo) no estúdio deu um peso enorme, e o Paulo (vocal) encaixou uma interpretação forte, fazendo dela uma das músicas que tem tudo para ser obrigatória no nosso setlist ao vivo.
Já a letra de “The Countdown”, foi a que mais me prendeu. Por causa dela, escutei essa faixa por diversas vezes pra pescar referências. Qual a importância que vocês enxergam em temas sombrios inseridos em obras musicais atualmente?
Fico feliz que pegou você! “The Countdown” é talvez a letra mais pessoal do álbum. Fala sobre a sensação de tempo correndo, de escolhas que não voltam atrás, de estar vendo o “contador” da vida zerando enquanto a gente ainda tenta fazer algo que valha a pena. Temas sombrios sempre fizeram parte do metal porque o metal é catarse. Num mundo que muitas vezes força a gente a fingir que está tudo bem, poder gritar sobre medo, angústia, luta interna ou fim dos tempos é libertador, tanto pra quem escreve quanto pra quem ouve. Acho que hoje, mais do que nunca, as pessoas precisam dessa válvula de escape. O metal sombrio não é só “trevas por trevas”, é verdade nua e crua embrulhada em riffs pesados.
Parabéns pelo trabalho, esperamos vê-los em muito breve...
Obrigado mais uma vez pelo carinho e pelo espaço. Para a Persevera, que é uma banda independente, entrevistas como esta são essenciais. Seguimos firmes no propósito de lançar música de qualidade, com paixão e autenticidade. Nosso foco agora é finalizar o segundo álbum e, o mais importante, finalmente montar o show. A ansiedade para levar essa energia para os palcos e encontrar o público ao vivo é imensa! O melhor da Persevera ainda está por vir!
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