Entrevista: Adna Melan

- Grata surpresa conhecer a ADNA MELAN, através da sua atual gravadora no Brasil. Como tem sido essa parceria?
Igualmente! Tem sido uma experiência muito positiva. A MS Metal é bem estruturada, oferece suporte em diversas áreas essenciais para artistas musicais, e a equipe é muito atenciosa e simpática.
- Acredito que ela preveja também, o lançamento de um novo álbum. Isso já foi conversado?
Ainda não conversamos sobre futuros lançamentos. Atualmente estamos focando na divulgação do novo single. E continuo trabalhando em novas músicas, mas está tudo em fase inicial. Então acredito que ainda não seja o momento.
- Recebemos a versão digital de “Lie”, e o material ficou ótimo. Qual a importância das mídias digitais para os membros da banda?
As mídias digitais são fundamentais. Até agora, todos os lançamentos tiveram distribuição apenas digital, com a divulgação sendo feita por meio de conteúdo em redes sociais, lives, entre outras formas. Essa tem sido a principal forma de compartilhar todo o trabalho, e possibilita alcançar pessoas ao redor do mundo todo, além de viabilizar a construção da identidade visual do projeto.
- “Lie” é um material direto, mas acredito que ele se enquadre mais dentro do Gothic Rock/Metal. Vocês também entendem desta forma?
Sim. “Lie” se enquadra mais em gothic metal, com uma atmosfera sombria criada a partir de vários elementos, mudanças de tempo e compasso e guitarra em drop C.
- A língua inglesa foi utilizada nas letras dos Singles. Por qual razão escolheram por esta opção? Vocês não acham que isso será um problema para ser aceito no Brasil?
Desde pequena eu já gostava muito de inglês, e tinha uma grande vontade de escrever letras de música nesse idioma. Então nem vejo tanto como uma escolha, mas sim como um desejo que eu tinha desde criança. Aos 12 anos de idade, eu comecei a escrever e aos poucos fui me aperfeiçoando na escrita, em transformar sentimentos em palavras e melodias, e evoluindo no inglês também. Já me sugeriram que eu deveria cantar em português pelo menos no início, mas eu acredito que, mesmo que o idioma não seja entendido por todos, a música em si já é uma linguagem universal, algo que pode ser sentido por todas as pessoas, mesmo sem entender o idioma da letra. Eu sempre senti dessa forma, mesmo antes de conseguir entender letras em inglês só de ouvir, ou também porque gosto de ouvir músicas em idiomas diversos... chinês, japonês, turco, francês, entre outros, e acredito que muitas pessoas também gostem. E atualmente é mais fácil do que nunca ter acesso à tradução. Também acredito que consumimos muitas músicas em inglês de bandas estrangeiras, e também há várias bandas nacionais com letras em inglês que encontraram seu público no país, então não vejo como um problema, mas sim como uma oportunidade de alcançar mais pessoas, não só no Brasil como em outros países.
- A produção dos Singles ficou com a própria banda? Porque não optaram por contratar um produtor de fora?
Todos os singles tiveram participação de um produtor externo. Eu e o produtor somos os responsáveis pela estruturação e o processo criativo inicial. E ele também acompanha as gravações, e é o responsável pela pós-produção.
- “Lie” foi a faixa que mais gostei no trabalho de vocês. O que vocês podem falar sobre ela?
Fico contente que gostou! “Lie” fala sobre conflitos internos e sentimentos ruins como angústia e culpa, e o desejo de se libertar, superar as experiências negativas que foram a causa de tudo. O single marca o início de uma nova fase do projeto. E também é especial para mim por ter sido o primeiro single mais pesado em que eu tive uma maior participação na composição.
- ”Forevermore” é outro ponto alto com influências diversas. Como se deu o processo de composição desta faixa?
Escrevi a letra de ”Forevermore” quando estava na faculdade, e apesar de estar gostando do curso, me sentir animada no início, com o tempo comecei a sentir como se uma parte de mim estivesse morrendo. Eu costumava ficar no piano por horas, cantar frequentemente, mas fazendo faculdade em período integral e longe, esse contato com a música reduziu drasticamente. Lembro de dias em que eu chegava em casa bem tarde e cansada, mas ainda sim parava para praticar alguma música no piano, e de usar pianos da UFRJ nos intervalos das aulas. Esses momentos curtos me alegravam profundamente, mas também me traziam saudades e tristeza pela vontade de ter mais tempo para a música. É uma letra de amor não convencional, inspirada no amor que eu tenho pela música, algo que considero ser muito forte e que parece ter nascido junto comigo. Muitas vezes eu queria desistir, deixar isso de lado por motivos diversos, mas eu nunca conseguia. Mesmo durante crises de depressão, eu me esforçava para continuar praticando, para tentar evoluir ou apenas recorria à música porque trazia algum alívio da dor. Vejo isso de forma positiva, pois a música sempre foi uma das maiores motivações para seguir em frente. A letra surgiu dessa mistura de sentimentos bons e ruins. E foi apenas algum tempo depois que eu decidi começar a compor harmonias no piano para as minhas letras. Até então, eu achava que eu não conseguiria fazer nada bom, nem algo que se relacionasse com o que eu tinha em mente para a música, então eu nem tentava de verdade. Essa foi a quarta composição que decidi fazer, e considero essa decisão muito importante para mim. Anos depois, desenvolvi mais um trecho da música e resolvi gravar em estúdio. Mandei a versão que eu tinha gravado em casa para o meu produtor. Eu queria que a música fosse mais que apenas piano e voz, mas principalmente após o final do primeiro refrão. Conversei com ele sobre minhas ideias, e ele desenvolveu a atual segunda parte da composição, o que deu origem à versão final.
- Já a letra de “Melancholia”, foi a que mais me prendeu. Por causa dela, escutei essa faixa por diversas vezes pra pescar referências. Qual a importância que vocês enxergam em temas sombrios inseridos em obras musicais atualmente?
Acredito que a arte em geral é algo que permite uma grande expressão dos sentimentos humanos, sejam bons ou ruins, e que isso é algo muito positivo. Abordar temas sombrios na música é uma oportunidade de falar de algo que existe, sentimentos compartilhados por muitas pessoas, mas que ainda sim não são tão fáceis de compartilhar ou de se sentir compreendido por outras pessoas. A música permite essa expressão e conexão, e sempre achei isso algo maravilhoso. Pode-se gerar uma identificação com o tema abordado, e também trazer um alívio emocional. Enquanto alguns temas se enquadram mais no entretenimento, servem para festejar, temas obscuros trazem uma profundidade maior. Acredito nesse poder catártico da música, como uma forma de terapia, tanto no processo de criação, quanto na experiência de ouvir.
- Parabéns pelo trabalho, esperamos vê-los em muito breve...
Obrigada, foi um prazer participar!

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