Entrevista - Fohatt

 

1. FOHATT, através da sua atual gravadora no Brasil. Como tem sido essa parceria?

A parceria com a Eternal Hatred Records tem sido muito positiva. Eles acolheram a proposta da FOHATT com respeito e profissionalismo, oferecendo uma estrutura sólida para o lançamento físico do Reflections of Emptiness. Isso foi fundamental para ampliar nosso alcance dentro da cena nacional, principalmente no segmento do doom e metal extremo underground. A colaboração com o selo também possibilitou conexões importantes, como a prensagem em vinil pela Metal Army Records e o lançamento em CD do nosso primeiro EP pela Anaites Records e novas oportunidades que estão em construção.

2. Acredito que ela preveja também, o lançamento de um novo álbum. Isso já foi conversado?

Sim, já estamos conversando a respeito e nos organizando nesse sentido. Nosso foco atual é um novo trabalho conceitual que deve ser lançado até o final desse ano. Essa obra explora temas ligados à introspecção e a relação profunda com a natureza, e contará com um novo direcionamento visual e sonoro. A gravadora já está ciente e demonstrou interesse em seguir conosco para esse próximo passo.

3. Recebemos a versão física de “Reflections of Emptiness”, e o material ficou ótimo. Qual a importância das mídias físicas para os membros da banda?

Para nós, as mídias físicas são mais do que simples formatos de distribuição: são artefatos que representam uma era, um sentimento. O encarte, o peso do CD ou vinil nas mãos, a arte de capa... tudo isso carrega uma energia que complementa a música. No cenário underground, onde o público valoriza a experiência completa, o físico ainda é essencial. 

4. “Reflections of Emptiness” é um material direto, mas acredito que ele se enquadre mais dentro do Doom. Vocês também entendem desta forma?

Sim, sem dúvida o doom é a espinha dorsal do nosso som. Mesmo que incorporemos elementos atmosféricos, acústicos, nossa essência está nesse estilo que traduz peso, melancolia e contemplação. O álbum Reflections of Emptiness é uma síntese dessa identidade: direto, sim, mas carregado de densidade emocional.

5. A língua inglesa foi utilizada nas letras do material. Por qual razão escolheram por esta opção? Vocês não acham que isso será um problema para ser aceito no Brasil?

A escolha pelo inglês foi natural, tanto pelas influências que nos moldaram quanto pela universalidade que a língua proporciona. Não vemos isso como um obstáculo no Brasil, pois o público que acompanha o metal, especialmente os subgêneros mais extremos, já está acostumado a consumir conteúdo em inglês. No entanto, também temos canções em português, como “Sentenças Ocultas”, “Ecos do Passado” e “Bestial Estigma” e pretendemos manter esse equilíbrio nos próximos lançamentos.

6. A produção do álbum ficou com a própria banda? Porque não optaram por contratar um produtor de fora?

A produção foi majoritariamente conduzida internamente, com apoio técnico e artístico do Léo Lemes do estúdio Toca 464, que mixou e masterizou o álbum. Escolhemos esse caminho para manter o controle criativo e preservar a identidade que vínhamos construindo desde os primeiros ensaios. Trabalhar dessa forma também permitiu uma conexão com cada detalhe do processo. Mas seguimos abertos a colaborações futuras, desde que respeitem a essência do projeto.

7. “Remembrance of Light” foi a faixa que mais gostei no trabalho de vocês. O que vocês podem falar sobre ela?

“Remembrance of Light” é uma das faixas mais etéreas e introspectivas do álbum. Ela fala sobre memórias que resistem ao tempo, e sobre como a luz – mesmo fraca – pode ser um guia em meio à escuridão interior. A estrutura dela reflete esse contraste, com passagens suaves entrelaçadas a momentos mais pesados. É uma música que representa bem o equilíbrio que buscamos entre melancolia e contemplação.

8. ”Twisted Reality” é outro ponto alto com influências diversas. Como se deu o processo de composição desta faixa?

“Twisted Reality” surgiu a partir de uma ideia do Tony, guitarrista, que trazia um clima profundo. A partir disso, trabalhamos as atmosferas com os teclados e lapidamos a estrutura para manter esse contraste entre peso e devaneio. A letra fala sobre a distorção da percepção, sobre as prisões mentais e realidades construídas com base em ilusões – temas que estão sempre presentes no nosso universo lírico.

9. Já a letra de “Sentenças Ocultas”, foi a que mais me prendeu. Por causa dela, escutei essa faixa por diversas vezes pra pescar referências. Qual a importância que vocês enxergam em temas reflexivos inseridos em obras musicais atualmente?

Acreditamos que a música pode ser um instrumento de transformação, não apenas uma válvula de escape. “Sentenças Ocultas” fala sobre o silêncio como forma de resistência, sobre verdades ocultas pela manipulação e dogmas sociais. Em tempos de superficialidade e excesso de informação, promover reflexão através da arte é quase um ato de rebeldia. E isso faz parte do papel da FOHATT desde o início: instigar, questionar, propor caminhos internos.

10. Parabéns pelo trabalho, esperamos vê-los em muito breve...

Agradecemos imensamente pelo espaço e pelas palavras. É sempre gratificante quando a nossa música encontra eco e gera conexões verdadeiras. Que a chama do doom continue iluminando os caminhos que cruzamos.


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