Morkalv - Entrevista


 

- Grata surpresa conhecer a MORKALV, através da sua atual gravadora no Brasil. Como tem sido essa parceria?

Tem sido interessante, esperamos alcançar um público cada vez mais distante através do suporte da gravadora que está responsável por todo o processo de distribuição do disco em outras regiões do mundo.

- Acredito que ela preveja também, o lançamento de um novo álbum. Isso já foi conversado?

Sim, no momento a gente está focado no processo criativo do novo disco, que tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2025, queremos lançar as versões físicas e digitais ao ao mesmo tempo desta vez, será interessante o apoio da gravadora nesse processo tão difícil que é pra uma banda underground produzir, lançar e divulgar o material.

- Recebemos a versão em CD do “An Ancient Cult to the Aesir”, e o material ficou ótimo. Qual a importância das mídias físicas para os membros da banda?

A mídia física é um caso a parte, né? Ainda mais na vertente tão tradicional do metal que é o Black Metal, a mídia física se torna um verdadeiro artefato, é muito interessante todo esse processo criativo até chegar no resultado final que é o cd físico, as pessoas não fazem ideia de quanto trabalho e esforço a gente coloca nisso, estamos bem contentes com o resultado desse primeiro disco, esperamos manter a qualidade tanto sonora quanto gráfica dos próximos discos, foi tudo tratado com muito cuidado desde a capa desenhada à mão pelo grande artista Rubens Snitram (Azoth), então trabalharemos para que os próximos resultados sejam tão satisfatórios quanto este.

- “An Ancient Cult to the Aesir” é um material complexo, mas acredito que ele se enquadre mais dentro do Black Metal escandinavo. Vocês também entendem desta forma?

Cara, a gente não se rótula de uma forma engessada dentro do Black Metal, eu acho que o conteúdo lírico do primeiro disco remeteu muita gente a isso, e na verdade era só o tema daquele disco em específico, a gente é bem aficionado pela primeira e segunda onda do Black Metal, então a gente cria em cima do que gosta, particularmente eu faço o que eu gostaria que ouvir e o que me agrada musicalmente, então a gente sempre vai buscar fazer o que curte sem se fechar necessariamente numa vertente específica do Black Metal.

- A mitologia nórdica foi utilizada nas letras do álbum. Por qual razão escolheram por esta opção? Vocês não acham que isso será um problema para “An Ancient Cult to the Aesir” ser aceito no Brasil?

A nossa ideia na época era fazer o disco num conceito fechado, independente de qual fosse a temática utilizada, acredito que que este propósito foi alcançado, nós só somos os interlocutores transmitindo uma mensagem, narrando acontecimentos e trazendo o ponto de vista daqueles personagens, não sou eu falando, saca? Se observar as letras há diversos pontos de vista daqueles personagens nas músicas. Quanto a aceitação eu acredito que tem gente que vai curtir e tem gente que não e isso é natural, mas a gente tem muitos temas a explorar, há vastas mitologias a explorar, vários contos, várias temáticas como na do próximo disco que é completamente diferente do que já foi feito por nós, então tudo que foi lançado por nós é e cima de temas fechados como o novo EP “Mysanthropic Luciferian Order” lançado em Maio de 2024.

- A produção ficou com a própria banda. Porque não optaram por contratar um produtor de fora?

Cara, esse disco é muito pessoal pra mim (Joey), baterista na banda, principalmente as composições, os arranjos, os riffs porque remete a um período da vida em que a música me manteve de pé, então eu só sentava e gravava as ideias que tinha, na verdade no fim das contas eu havia composto tantas músicas que algumas nem entraram no disco, então não foi algo pensado em produzir nós mesmos, foi a minha válvula de escape naquele momento que virou um disco da banda.

- “Tyr” foi a faixa que mais gostei no trabalho de vocês. O que vocês podem falar sobre ela?

Massa, Tyr é uma música que a gente gosta bastante também. Ela foi a primeira música composta e meio que determinou que caminhos o disco seguiria, ela foi lançada quase um ano antes do disco como single, antes até da banda ser formada com a estrutura que é hoje, nesse momento eu ainda estava sozinho e só queria lançar as minhas ideias, aí surgiu a parceria com o pessoal da gravadora e a gente iniciou esse trabalho como banda. Ela é o ponto de vista do Deus da Guerra daquela mitologia, então há  frases interessantes na música deste personagem “I  choose the dead, who ride for me”, então é meio que como esse personagem se vê como instrumento de guerra naquele contexto.

- “Odin” é outro ponto alto com uma veia noventista bem latente. Como se deu o processo de composição desta faixa?

Essa a primeira coisa que foi feita foi o riff inicial, aquele dedilhado, eu particularmente gosto bastante dessa ideia de elementos Clean no riffs de Black Metal, é meio que uma quebra de expectativa transitar entre trechos de guitarras pesadas e trechos onde é tão melancólico que parece um buraco escuro.

- Já a letra de “Sutr”, foi a que mais me prendeu. Por causa dela, escutei essa faixa por diversas vezes pra pescar referências. Vocês são fãs de incondicionais da cultura ancestral nórdica? Essa faixa está conectada com alguma obra literária específica?

Essa é bem interessante, e a primeira frase dela é uma referência ao ciclo de vida, morte e renascimento “Eu sou o início, o fim e o meio”, referência sabiamente utilizada por Raul Seixas e fazendo alusão a textos antigos como “Bhagavad Gita”. Surtr é um ser mitológico interessante, purificação através do fogo, ferramenta de destruição/transformação, a letra dela não foi baseada em nenhuma obra literária específica e também parte da ideia de nós sermos os interlocutores desse ser, na letra é este expressando o seu ponto e vista sobre o que ele é e como ele se vê inserido naquela mitologia.

- Parabéns pelo trabalho, esperamos vê-los em muito breve

Agradecemos pelo apoio e pelo trabalho desenvolvido em prol do metal underground, é muito importante ferramentas que nos ajudem a passar a mensagem e nas entrevistas eu acredito que é o momento onde a gente mais consegue expressar nossos pontos de vista sobre o que vem sendo feito, e o significado de cada coisa, até breve! HAIL

 

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